Sapatos Joseph Paschoal Bootmaker

Qualidade é melhor do que a quantidade. Não tenho muitos leitores aqui mas sempre me surpreendo quando algum deles comenta alguma coisa. Não sei como vem parar aqui, mas os comentários são sensacionais, como por exemplo neste post sobre a calçados com construção goodyear welted. Obrigado pessoal!

O Fernando Paschoal Xavier é de uma família de sapateiros que trabalharam com esse tipo de calçado nos anos 60 e 70. Depois de muitos anos de inatividade, ele resolveu reunir um grupo antigo para voltar a fabricar sapatos palmilhados da marca Joseph Paschoal Bootmaker. É um grande desafio, ele disse:

“Praticamente todas as etapas são feitas a mão. São sapatos feito para durar, com muita técnica e atenção aos detalhes. Fazemos sapatos porque amamos e nosso coração vai junto com eles!! Leva tanto tempo para faze-los um que até nos apegamos.”

A informação é que a Joseph Paschoal está fazendo sapatos palmilhados (goodyear sem a máquina) e os “Blake Rapid”. O acabamento segue a linha dos calçados itailanos e francêses (pátina, tingimento, pinturas elaboradas, etc). O Fernando confirmou que mesmo em Franca, terra dos calçados, é difícil encontrar o equipamento e quem trabalhe com sapatos palmilhados:

“As linhas Goodyear, que são compostas por várias maquinas, estão incompletas. Sempre tem uma das cinco máquinas faltando, e as outras precisam de manutenção. Não há muitos mecânicos que sabem fazer o que precisa. O outro problema é achar quem vai opera-las. Não existem muitas pessoas que queiram. A maioria já esta com idade avançada e não tem mais disposição, sem contar a exigência de adaptação à norma de segurança (NR12), praticamente impossível em equipamentos com essa idade. Mesmo com as máquinas, o processo é 80% competência do operador. Mesmo encontrando o equipamento, ainda é quase impossível encontrar o operador. Só mesmo formando a mão de obra.”

A matéria prima também parece ser um desafio. Entre as dificuldades estão as palmilhas de couro:

“Em Franca se encontra de tudo o que é tipo, as que não tem podem ser feitas. O que acontece é que o preço é salgado, pois não há linha de produção para palmilhas assim”.

O couro também não é fácil de conseguir pois

“a indústria curtidora prioriza a produção de couro para estofamento moveleiro e automotivo, além da exportação. O que sobra aqui na maioria das vezes tem classe baixa e são produzidos com foco no preço baixo prejudicando o produto final.”

Para completar, é difícil achar de solas de couro com qualidade, apesar de existirem alternativas até mais adaptadas para o uso nas calçadas brasileiras.

“Só temos 4 curtumes no Brasil produzindo volume com qualidade e voltadas para exportação. A demanda no mercado interno baixa, já que calçados com sola de couros no Brasil são poucos se comparados aos de sola de borracha, pvc e TR. Uma sola do couro dupla com salto também de couro (na maioria o salto é de MDF) e capa de borracha custa quase o mesmo que um par de sapatos popular.”

Eu ainda vou conversar mais com eles sobre o resultado da experiência com produção de palmilhados e a evolução da marca. Essa notícia da couro moda disse que os sapatos são feitos sob encomenda, ou seja, se o visual da coleção não agrada o cliente, ele provavelmente também tem a possibilidade de colaborar na criação. É um projeto bem interessante! Estou ansioso para ver que rumo a marca vai seguir.

Abaixo mais algumas fotos que o Fernando me mandou por e-mail, com os primeiros modelos que eles desenvolveram: