Minha viagem para a Rússia permitiu visitar alguns Países Bálticos. Estava curioso para conhecer muitas coisas, entre elas, descobrir como é o mercado para a moda masculina. A Rússia já havia me surpreendido bastante com a quantidade de estilos americanos e globalizados em lojas como a Code7 e Belief, mas não sabia o que esperar de um país pequeno, ex soviético, como a Estonia.
A Estônia é um dos menores países da Europa, mas os seus 1,3 milhões de cidadãos estão entre as pessoas mais felizes do continente. A capital Tallin é muito animada, porém pacata, absurdamente fotogênica e repleta de vistas maravilhosas, com suas igrejas antigas, paisagens medievais e casas de comerciantes nobres. Misture tudo isso com comida deliciosa e cultura moderna vibrante, e você tem uma cidade que é celebrada como capital europeia de cultura.
Ao contrário de muitos outros lugares na Europa, o desemprego está em baixa, e há uma sensação de otimismo no ar. Os remanescentes da era soviética estão sendo reinventados como atrações turísticas e espaços urbanos. O centro histórico preserva o passado medieval, mas, uma onda do século XXI está se tornando cada vez mais aparente em toda a cidade.
Uma dos restaurantes mais legais da cidade é o Sfaar. Com paredes brancas, cadeiras dinamarquesas e louças finlandesas, é um exemplo perfeito da influência que os vizinhos nórdicos de Tallinn estão tendo na cidade. Além de servir comida das 8 da manhã às 11 da noite, o Sfaar tem uma loja de vinhos e uma loja de roupas que vende muitas marcas que eu gosto.
De botas e sapatos masculinos eles tem a Alden Shoe Company, Blundstone, Paraboot, Red Wing, Tricker’s, Wolverine, Yuketen e outras. Muitas marcas de jeans também… Japan Blue, Momotaro, Orslow, Edwin e mais. Também gostei bastante dos acessórios; chapéus Stetson, pastas da Filson, óculos Moscot, couro da Il Bussetto e Tanner Goods, e relógios Timex (incluindo a colaboração com a Red Wing). Estamos falando de Europa então não tem como não admirar os casacos pesados de marcas como Aspesi, Baracuta, Barbour, Brown’s Beach Jacket, Monitaly, Nigel Cabourn e Woolrich.
Entre todas essas marcas, tiveram duas me chamaram atenção:
A primeira é a East Harbor Surplus. O conceito principal dessa marca é tirado dos anos 50 e 60, com looks casuais clássico e um visual elegante que imagino em uma pequena cidade portuária na costa leste dos Estados Unidos. As linhas da alfaiataria e dos casacos são confortáveis e naturais, combinando um pouco da essência do workwear e também do militarismo.
A segunda é a 1ST PAT-RN (um termo militar que se refere ao primeiro protótipo de um modelo), que revive roupas militares e workwear com conforto e suavidade. Gostei demais, pois não é caricato e combina bem com roupas de quem não necessariamente é fã do estilo.
Pra finalizar, trombei novamente com a jaqueta bomber da Monitaly (com seus dois zípers enormes, inspirados por uma jaqueta Margiela) que um dia ainda vou comprar.
É uma loja surpreendentemente grande com um mix excelente que me impressionou. Eu não considerava Tallin um ambiente propício para esse tipo de negócio. Sim, a cidade tem uma população jovem e “hipster” com boa qualidade de vida, mas os números absolutos são pequenos. Ela tem 30 vezes menos habitantes do que São Paulo, que não tem nenhuma loja que se aproxima. Outras cidades no Brasil, nem merecem ser citadas como comparação. Desculpa, mas é verdade.
Como fã de roupas e varejo, viajei por muitas cidades ao redor do mundo e sempre estou atento em busca de novas lojas. São lugares como Tallin onde tenho a melhor experiência. Teoricamente era para não haver gente suficiente para atender um nicho de mercado tão específico, mas inesperadamente, a loja existe (o tipo de marca que eles vendem é nicho em qualquer lugar do mundo). Tudo está no início e a energia é diferente, menos cansada. Deve ser como era na Self Edge quando a cultura do raw denim ainda estava começando nos Estados Unidos.
Havia uma vibração muito amigável no ar, tanto da equipe quanto da comunidade entusiasmada por encontrar alguém de fora que fosse familiar com a oferta. É, o homem adora dizer da vida, contar histórias. Uma loja independente é uma narrativa da paixão de alguém pelo que está lá dentro. Eu tive uma experiência de abrir os olhos, muito agradável. Acredito um pouco mais que, com os ingredientes certos e uma equipe engajada, é possível juntar gente suficiente para fazer negócios desse nicho em qualquer lugar, até mesmo no Brasil.
Passei pouco tempo na Estónia, não o suficiente para ver tudo e realmente sentir o clima das pessoas, mas da minha breve experiência eu diria que os estonianos são umas das pessoas mais amigáveis que conheci na Europa. Não só fui bem-vindo no centro turístico e turístico Tallinn, mas fui recebido com sorrisos e conversas calorosas em cada estabelecimento que entrei. Recebi conselhos amigáveis sobre onde ir e dicas sobre locais escondidos. Visite Tallinn e dê um pulo na Sfaar!
Sfaar Resto & Store
Mere puiestee 6E, Tallinn 10111, Estônia
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