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A importância das pequenas empresas para a moda masculina

O Brasil entra em sua segunda semana tentando conter a pandemia de coronavírus. A população está em casa e a atividade de comércios e escolas estão suspensas. Recebi na semana passada o primeiro e-mail de uma loja comunicando seu fechamento temporário. Não demorou chegaram outros, avisos se multiplicando nas redes sociais das lojas que sigo. A maior parte dos varejistas do mundo fechou as portas. E agora, o seu bairro provavelmente se parece com o meu, fantasmagórico.

A pandemia provocou uma discussão nacional sobre uma possível depressão econômica no futuro. Existem excelentes razões para ficar em casa. O consenso entre os principais especialistas em saúde é que a melhor ação é o distanciamento social temporário para retardar a propagação do vírus e não sobrecarregar o sistema de saúde. Essa tem sido a medida adotada por todos os países. O New York Times tem um resumo excelente do que pensam especialistas em saúde pública e por que eles acreditam nessa recomendação. Resumindo: “fique em casa por enquanto”.

Por outro lado, existem preocupações razoáveis sobre o impacto que um desligamento total tem não apenas na economia em geral, mas também no cotidiano dos trabalhadores. Em meio ao debate, essas duas visões são enquadradas como o “dilema do trem”, um experimento em ética onde um bonde está fora de controle. Em seu caminho, cinco pessoas amarradas na pista. Felizmente, é possível apertar um botão que encaminhará o bonde para um percurso diferente, mas ali, se encontra outra pessoa também atada. E aí, apertar ou não o botão?

Apesar destas opções serem tratadas de maneira polarizada, a pandemia coronavírus não é um “dilema do trem”, onde você tem um modelo de duas escolhas discretas. Os dois problemas, propagação e recessão, estão interligados. Retomar a normalidade prematuramente sobrecarregaria os hospitais, resultando em ainda mais mortes e exacerbando uma recessão que na verdade já chegou. Quantas pessoas ainda frequentam clubes, restaurantes e bares com um patógeno veloz a solta? Quantos vão comprar roupas enquanto seus entes queridos estão no hospital?

O escritor e editor conservador Jonathan Last publicou um artigo no The Bulwark, explicando por que você não pode consertar a economia sem primeiro superar a pandemia. “Supõe-se que tudo o que precisamos fazer é ligar um interruptor e poderemos voltar no tempo˜, escreve ele. “Não podemos. Vivemos em um mundo novo. A velha realidade se foi. Voltar a essa realidade não é um plano. É uma fantasia. ” Ou, como Bill Gates disse sombriamente, não podemos simplesmente reiniciar a economia e “ignorar a pilha de corpos”.

Muito já foi escrito sobre a importância de apoiar as pequenas empresas. O stories do Instagram está repleto de mensagems demonstrando apoio ao pequeno empreendedor. Na semana passada, o co-fundador da Noah, Brendon Babenzien, postou uma mensagem que eu gostei bastante. Segue a tradução:

“Não acreditamos em consumo desenfreado e aconselhamos nossos clientes a comprar de maneira mais inteligente e melhor. Embora ainda acreditemos nisso, a ameaça do desligamento da economia é real se as pessoas pararem totalmente de comprar. Então, estamos pedindo às pessoas que comprem alguma coisa. Não necessariamente da nossa marca, mas de qualquer negócio independente ou empresa criativa em que você acredite. De preferência, daqueles que sempre fizeram escolhas éticas positivas sobre a maneira como criam e operam. Tais entidades independentes precisam sobreviver a esta pandemia, para ainda temos opções quando a crise terminar. As grandes empresas têm recursos financeiros para sobreviver, mas operações pequenas e independentes que vem lutando por mudanças no mercado ao longo dos anos, podem não ter. ”

Para as economias locais, existem outras razões para apoiar as pequenas empresas. O meu bairro, por exemplo, é repleto de padarias, bares e restaurantes, pequenas lojas de ferragens, costureiras, sapateiros, açougues, mercearias, relojoeiros e outros serviços. Não temos tantas lojas masculinas em Belo Horizonte, mas como o tal “lifestyle” também faz parte da moda, o que seria da gente sem a galera que se esforçou para valorizar os cafés especiais, os pequenos cervejeiros e mais recentemente, o trabalho super bacana que está sendo feito no Mercado Novo?

Muitos leitores são de São Paulo, então quem já caminhou por Pinheiros sabe como é agradavel tomar um café da manhã no KOF, dar um pulo na Cutterman e Libert Art Brothers, subir um pouco mais e vasculhar a Ignis. Você pode almoçar no Z Deli ou jantar no Cozinha 212. Quando vou, encerro o dia dormindo no hotel Guest Urban e vou a feira Benedito Calixto sábado de manhã.

Essas paisagens comerciais contribuem para caminhadas muito mais agradáveis do que ir a um grande shopping center. Quando preciso comprar algo como uma lâmpada ou baterias, tento comprar localmente simplesmente porque gosto do que esses empreendimentos, geralmente familiares, acrescentam ao cenário. Barbearias em Belo Horizonte, e algumas lojas de moda masculina no brasil operadas por entusiastas, são os únicos lugares onde posso apreciar de perto certos produtos e conversar pessoalmente sobre muito dos assuntos discutidos aqui. Ter essa possibilidade de contato faz bem para mim.

Agora pare, e expanda esse nicho da moda masculina e estilo de vida que gostamos. Pense no cenário online da moda masculina como se fosse um bairro. Garanto que vai perceber a mesma dinâmica. Quem segue o blog, já me escutou falar de alguns fóruns que acompanho. Lojas como No Man Walks Alone e Self Edge participam com frequência das threads do StyleForum e Superfuture, enriquecendo as discussões. Jeffery Diduch, o “Vice President, technical design” na Hickey Freeman, mantém um blog incrível que nos ajuda a entender detalhes técnicos das roupas sob medida. Outras casas que ainda mantém o processo artesanal também fazem o mesmo, como é o caso da Steed de Saville Row. As pessoas participando dos Ask Me Anything no Reddit são proprietários e designers de pequenas empresas, não da Louie Vuitton.

E onde você encontra inspiração de estilo? Considere a proporção entre pequenas e grandes marcas na lista de perfis que você segue no Instagram. No meu caso, é muito mais provável que me inspire nas redes sociais da Broadway & Sons, The Armory, Brycelands ou Wooden Sleepers, do que da Brioni. Se quiser comprar uma camisa, prefiro a Cabra do que a Reserva. Entre duas jaquetas de couro, se eu pudesse comprar, prefiro apoiar a Himel do que a Belstaff. Até mesmo no alto luxo da alfaiataria, me divirto muito mais com os vídeos do Luca Rubbinacci do que qualquer coisa do Tom Ford. A Sartoria San Paolo, pelo que consigo ver nos costumes em processo de produção, faz muito mais do que o Ricardo Almeida.

Normalmente, são estas pequenas lojas e marcas de nicho lutando pela fabricação local, durável com uma manufatura justa em toda cadeia produtiva. São elas que encontram fornecedores locais ou especializados que seguem contra a maré, operando também na mesma sintonia. Exemplos disso são as pequenas fábricas de Selvedge Denim pelo mundo (lembrando que os EUA quase fechou a última que ainda existia por lá), ou tecelões que mantém lãs como Shetland e tweeds como Donegal. Enquanto a moda é a segunda indústria mais poluente do mundo e redes de fast fashion se envolvem em escândalos trabalhistas, a Eighteen East e Story Mfg conseguem manter uma cadeia de produção global e sustentável.

Bons lojistas fazem mais do que apenas vender coisas. Eles ajudam a criar um significado que preenche nossas vidas. Eles tornam a comunidade online de moda e estilo masculino um lugar culturalmente mais vibrante. Tornam esse hobby mais divertido. Lojas e marcas que mantém muito contato com o mercado não competem apenas no preço; eles fazem o trabalho duro de atrair novas pessoas para esse universo, educando-as sobre o que é “bom” e sugerindo maneiras de usar as coisas. Elas dão inspiração através de mídias sociais e lookbooks; elas apresentam aos consumidores novas marcas e produtos. A Self Edge contextualizou as jóias da Good Art para o segmento workwear. A mais tempo, a Union ajudou a transformar Visvim e Thom Browne em marcas de semi-streetwear. Os melhores brechós garimpam o mundo e servem como repositório de inspiração para os gigantes do nicho; RRL e LVC.

Em quase todos os segmentos de consumo, existem dois tipos de negócios: empresas de alta interação que agregam valor a uma comunidade e aquelas que apenas competem pelo preço. O segundo não pode existir sem o primeiro. A Goulet Pen Company, por exemplo, é creditada por expandir a comunidade de canetas-tinteiro. Brian Goulet, que co-fundou a empresa há muitos anos com sua esposa Rachel, pública com frequência no Youtube, vídeos que fazem as canetas-tinteiro parecerem muito mais relacionáveis ​​e emocionantes para pessoas como eu. Sem estes vídeos, muitos não saberiam distinguir entre Pilot Vanishing Points e canetas Platinum # 3776 Century na Amazon. Em um vídeo sobre por que os preços de um mesmo produto pode ser dramáticamente diferente no mercado de canetas-tinteiro, Brian diz:

Se você ainda não tem conhece e deseja comprar esses produtos, as [empresas] não teriam como vendê-los para você. De onde você tira esse conhecimento? De alguém que fez o trabalho braçal de educar, promover, discutir, pesquisar etc. Não há nada de errado com vender na Amazon ou no eBay, mas se só existisse isso, você não saberia o que está comprando. Como lojista, tento ganhar meu salário divulgando informações confiáveis, ensinando as pessoas sobre produtos e agregando valor às suas vidas, para que as pessoas vejam um motivo para me apoiar. Por mais divertidos que seja produzir esses vídeos, levo muito tempo e energia. Se eu não tivesse renda para apoiar este trabalho, os vídeos do Goulet desapareceriam.

Um exemplo que talvez seja mais próximo para você, leitor do blog, são os vídeos que outro Brian, o the Bootmaker publica em seu canal no Youtube. Como fundador da marca Role Club, e ganha a vida vendendo essas botas e restaurando botas usadas, com um nível excepcional de artesanato. Quantas pessoas não começaram a querer restaurar seus calçados graças ao esforço que ele faz, semanalmente, de compartilhar o passo a passo desse processo?

Quando falamos de workwear, houve um tempo em que muitos produtos inspirados pelo vintage só estavam disponíveis no Japão. Foram lojas pioneiras, como a Self Edge que trouxeram marcas como Freewheelers, Real McCoys, Buzz Rickson, Samurai, Fullcount Momotaro, e muitas outras. Já parou para a pensar na dura missão que tiveram? Foram responsáveis por educar logo o mercado Americano, acostumado a comprar as calças jeans mais baratas do planeta (e a casa da Levi’s). Serviram de inspiração para muitos outros produtores independentes como Ben Viapana que, com o tempo expandiram esse cenário. Isso sem falar em redes enormes e grifes e conglomerados que surfaram a onda.

Considero que este blog também fez algo nesse sentido aqui no Brasil. Nunca tinha lido comentários nas marcas de sapato perguntando sobre botas good year welted, ou sobre a construção em geral, até esse assunto começar a ser tratado aqui, e compartilhado pelo marketing da loja onde atuei. Acho que o mesmo vale para o selvedge e raw denim. Pelo menos é o que os relatórios de SEO me dizem. Na loja, tento dar visibilidade para valorizar produtos de marcas como a Outsider Goods, ou Omnes. Também produzo as minhas botas engineer com um único sapateiro, responsável pelo processo do início ao fim com matéria prima 100% brasileira.

Dentro desse nosso nicho, sem o esforço de lojistas como a Breaknecks, que também levanta alguns desses tópicos e trouxe produtos que antes só se via lá fora, haveria tanta inspiração de estilo kustom na moda brasileira? Aqui no Brasil, grande parte do esforço envolve a coragem de trazer algo que só existia lá fora, iniciando o mesmo trabalho de educação e conscientização do mercado, tanto no consumo quanto na sensibilidade estética. Eu me lembro dessa entrevista que fiz com a Cutterman, numa época em que a única outra alternativa para produtos com o mesmo visual era importar uma pasta Filson.

Como indústria, tenho certeza que a moda sobreviverá. Os designers continuarão a criar e em algum momento, as pessoas voltarão a comprar roupas. As lojas serão abertas novamente para atender esses clientes e novas lojas vão abrir. Mas considere como será o panorama do mercado da moda masculina pós Corona? Quem vai estar presente alimentando o cenário?

Apoiar pequenas empresas não é um ato de caridade. Trata-se de analisar mais de perto quem agrega valor à sua vida, mesmo que esse valor não seja capturado nos bens e serviços negociados no mercado. O valor gerado para você pode até estar entre os efeitos colaterais do marketing digital (uma foto nas mídias sociais, vídeos, blog posts, lookbooks, grupos e participação em fóruns), mas ainda é um tipo valor. Por fim, trata-se de passar a ter mais atenção com onde você gasta seu dinheiro.

Nem todo mundo pode comprar com responsabilidade no momento, dado o número significativo de demissões que já ocorreram e a incerteza do futuro. Mas se quiser comprar alguma coisa, independente do que for, gaste seu dinheiro de maneira ponderada e esperançosa, escolhendo valorizar aqueles lugares que agregam valor à sua vida. E mesmo sem comprar comprar, interaja, curta, comente, deixe suas palavras positivas em resposta ao que vem sendo comunicado nas redes sociais. Ajude a compartilhar, reposte novidades e campanhas em seus stories, mostre no seu perfil o que você já tem, aumente a visibilidade daqueles que fazem o que você gosta para que eles continuem existindo quando isso tudo passar.

Nas próximas duas semanas, apresentarei algumas das minhas pequenas marcas e varejistas favoritos e falarei um pouco sobre o que as torna únicas, compartilhar quais os desafios estão enfrentando e como podemos ajudar, além de destacar alguns produtos que considero muito legais. Eu tenho certeza que você também conhece empresas assim, então sinta-se a vontade para comentar com as dicas e faça também a sua parte.

Enquanto isso, espero que esteja seguro em casa!

5 comentários em “A importância das pequenas empresas para a moda masculina”

  1. Carlos Ubiratan "Dente" Roesch Petry

    Sabendo da quantidade de pequenas marcas e lojistas que lêem o blog, deixo aqui uma dica de um café-livraria-restaurante-antiquário aqui perto de casa. Enquanto estão fechados, eles estão vendendo vouchers on-line, no seguinte sistema: você paga R$ 100,00 on-line agora é, quando reabrir, consome R$ 120,00; paga R$ 200,00, e pode consumir R$ 250,00…

  2. Amigo Lucas,como sempre fantástico você compartilhar suas experiencias,sou seguidor de carteirinha, foi em função de seu Blog que conheci sobre Botas e Jeans Selvedge há uns 2 anos,hoje além de usar , sigo usuários em todo o mundo, mas , alguma coisa a falar dos Selvedge Chines ??? tenho comprado deles ,Japoneses, Suecos e trocando ideia como Viapina de Toronto.

    1. Fala, Eric. Tudo bem? Eu estive na China em 2018 e tenho uma grande amiga que trabalha na Levi’s de lá. O que ela me disse é que existem muitas marcas que trabalham no modelo exploração, aproveitando o preço para atacar o nicho global. Porém, ela me recomendou algumas marcas muito interessantes, como a Bronson e a Red Cloud (tem outras porém não me lembro de cabeça). Ou seja, existem marcas muito legais no mercado de lá, tentando fazer as coisas como gostamos que sejam feitas!

      Não tenha preconceito com local de fabricação. A internet nos ajuda a pesquisar para reunir informações e tomar uma decisão bem informada. Tem gente fazendo coisa foda no mundo todo. É uma comunidade pequena, porém global. Precisamos apoiar esse ecossistema para que continue existindo.

      Abraços muito felizes de saber que você encontrou esse espaço!

  3. Grande Lucas!

    Mto bom esse teu artigo!! Concordo com mta coisa.

    Aliás, conheci teu blog a pouco e achei o conteúdo bastante bom. Tão bom que fiquei até chateado por não ter mais coisas.

    A literatura em português e proveniente do Brasil sobre os conteúdos que tu abordas é escassa e bem superficial. Fiquei surpreso quando achei teu blog em português sobre as diferentes maneiras de construção de calçados, como cuidar do couro, slow fashion.

    Gostei mto mesmo das reviews sobre produtos nacionais que tu fez.

    Na verdade, essa foi minha “ frustração” com o teu blog. Pra mim falta um blog, canal de youtube, que revise e divulgue produtos que podemos encontrar e comprar no Brasil. Claro, estou falando de produtos com qualidade mínimas, affordable e fora do mainstream. Por exemplo, uma revisão sobre uma bota Wolverine ou Redwing é legal, mas pouco me adianta se n consigo comprá-las aqui. E se fosse possível, o preço seria proibitivo pra maioria das pessoas. Já una revisão sobre um sapato Louie ou sobre as carteiras da ( esqueci o nome) me ajuda muito porque posso comprá-las. Ceras e cremes pra cuidado com sapato é outro exemplo, Saphir é mto boa… mas bem cara e nao consigo achar no Brasil….a outra opção que tu sugeriu me ajudou bastante.

    Talvez os produtos disponíveis no mercado nacional não sejam tão bons quando comparados as marcas principais do mundo. No entanto, saber quais produtos disponíveis destacam em qualidade e sustentabilidade é muito útil. Um sapato da Louie não é tão bom quanto um Allen Edmonds, mas deve ser muito melhor que um ferracini.

    Anyway, falei mais das botas e couro pq foi o q mais li no teu blog e era o que estava pesquisando.

    De qualquer forma, teu conteúdo é muito bom, educativo e útil. Embora me pareça que tenhamos gosto e estilos diferentes, vários produtos de empresas que nem conhecia me interessaram.

    Talvez a importância maior do teu blog seja essa, apresentar produtos e ideias novas para consumidores que ainda consomem bastante fast fashion e mainstream products como eu.

    Parabéns….continue com o bom trabalho. Na real não….que tu possa ampliar ainda mais o teu bom trabalho de informação e educação

    Obrigado

    1. Oi Luciano, tudo bem? Obrigado pelo seu comentário. Fico muito feliz que goste do blog. Falta tempo para publicar mais!

      Eu entendo o que você quer dizer com a review de produtos nacionais. Pensei sobre porque não faço mais e cheguei em dois motivos:

      – O primeiro é financeiro. É pesado comprar um produto de cada marca. Quando preciso comprar quase sempre acabo comprando em viagens porque normalmente encontro marcas com as quais me identifico melhor e costumam ter produtos melhores. Não necessariamente a qualidade, mas também a estética (preferências pessoais).

      – O segundo motivo é a falta de opção. Eu posso estar com dificuldade de encontrar, mas não conheço tantas marcas nacionais com os critérios que você listou (fora do mainstream, qualidade e affordable). Ficaria muito feliz se você enviasse algumas sugestões que despertam sua curiosidade!

      A variedade de fabricação é um fator que torna a review totalmente estética ou a respeito da marca. Continuando com o seu exemplo de calçados; a mesma fábrica faz as botas das duas marcas nacionais que tiveram review no blog. Tenho medo de ficar repetitivo falar a mesma coisa sobre todos os produtos. Medo maior é de cair no mesmo discurso superficial de outros canais. Não que eu ache o trabalho desses canais ruins. Pelo contrário, eles fazem tão bem o discurso de “fala time, a qualidade é bacana, o preço legal, o visual sensacional para fazer os seguintes looks” que eu não teria nada para acrescentar. Faz sentido? Eu posso estar enganado aqui sobre o que as pessoas gostariam de ver em uma review.

      Você acertou em cheio na importância que eu vejo no blog. Ele começou em 2011 e o espaço sempre foi bem pessoal. Normalmente abordo algum tema aleatório ou produto que me interessa no momento. Um dos meus objetivos é mesmo apresentar novos produtos e ideias, tanto para consumidores quanto para fabricantes, marcas e lojas. Eu acho isso muito importante porque:

      – O consumidor com mais informações entende melhor o que está comprando e toma decisões melhores. Eu trabalhei por 4 anos em uma marca de botas e pude ver claramente como a medida que o blog ia ganhando visibilidade, aumentavam os números de e-mails perguntando sobre como as botas eram feitas, por exemplo
      – Mais inspirações e ideias significam mais opções e diversão! Essa exploração é legal para quem gosta de estilo e se interessa pelo assunto.
      – Do lado dos fabricantes, eu reparei como várias marcas começaram a falar mais sobre esse lado do produto e a ser mais específicas em suas descrições a respeito do couro, solado, fabricação, etc. Pode ser poque o mercado começou a cobrar mas também pode ser porque elas resolveram valorizar mais o que fazem
      – Sei que o blog também pode servir de inspiração para criação de produtos (exemplo as tantas moc toe que temos hoje) e também melhorias na qualidade (ou porque alguém se inspirou lendo o blog ou porque o cliente informado começa a se preocupar mais com o que compra e acaba influenciando o fabricante.
      – Quando o cliente conhece uma variedade maior de ideias, tem novos “desejos”, e o blog existe como canal para esse mercado de nicho, as marcas a poder lançar produtos diferentes do que estamos acostumados no mainstream e ter receptividade!

      Estou querendo focar um pouquinho mais no Instagram por enquanto e tentar Youtube ou Podcast, mas tenho algumas ideias para aos poucos ir atualizando o blog. Mas pode enviar sugestões de assuntos, marcas para destacar aqui no blog ou até mesmo colocar para vender na loja. Adoraria fazer mais reviews sim e sempre vou fazer quando comprar algo que gosto ou se tiver acesso ao produto.

      Ah, dica das ceras. Eu tenho um renovador da Saphir que uso específicamente na Alden de Cordovan. Para todas as outras botas eu uso Kiwi, Bostonian e Hidracouro. Estes tem no Mercado Livre/Supermercado.

      Abs!

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