A capa do disco London Calling (o disco de Vinil é um que ainda terei na minha coleção) é uma das mais icônicas na história do rock. Na foto em preto e branco, Paul Simonon, o baixista do The Clash, aparece quebrando o seu instrumento. A imagem agressiva define o estilo punk do qual o The Clash é um dos maiores representantes, tanto pela música quanto pela maneira de vestir.
As roupas são muito importantes para a imagem de uma banda. Neste quesito, são os vocalistas que costumam estar em evidência e chamar mais atenção. Os baixistas, por outro lado, normalmente ficam escondidos no palmo, aos fundos fazendo a ponte entre a guitarra e a bateria. No The Clash as coisas eram um pouco diferentes, já que Paul Simonon era a força criativa por trás da estética da banda.
Foi o baixista que teve a ideia de criar um “look” para a banda, misturando com facilidade várias referências ao longo da carreira dos músicos. O The Clash teve a fase de ternos bem cortados, sendo também famoso pelas botas militares, jaquetas biker, e por criar uma estética única que misturava arte e música.
A seguir, vamos conferir um pouco da história deste baixista icônico e como ele ajudou a moldar uma das maiores bandas punk de todos os tempos.
Paul Gustave Simonon nasceu no dia 15 de dezembro de 1955, em Londres, na Inglaterra. É o único membro do The Clash que fez parte da banda desde a sua criação, em 1976, até a sua dissolução, em 1986.
Foi criado em Britxon – cidade que intitula uma das minhas músicas favoritas do The Clash – antes de se mudar para Notting Hill, palco das revoltas da qual fala a música White Riot. Jovem, da classe trabalhadora, frequentou escolas predominantemente negras e cultivou uma admiração pela cultura e música jamaicana.
Antes de começar a carreira como músico, mostrou grande talento como artista e ganhou uma bolsa de estudos para ingressar uma escola de arte, onde desenvolveria o senso estético e teria contato com referências que mais tarde aplicaria na banda.
Foi em meados de 1970 que Paul Simonou decidiu tentar a carreira como músico. A primeira tentativa, foi como vocalista de um grupo de Londres chamado London SS. O teste não deu certo, mas trouxe uma amizade preciosa. O novo amigo era ninguém menos do que Mick Jones, futuro guitarrista e vocalista do The Clash, que o ensinou a tocar baixo.
Em 1976, Mick procurou Simonon e o cantor e guitarrista Joe Strummer, para juntos formarem a The Clash, nome que Simonon sugeriu enquanto lia um jornal. Quem fez a ponte foi o manager Willy Rhodes. Ele sugeriu a Mick Jones que recrutasse Simonon simplesmente porque ele tinha um excelente visual. Quem contou a história foi o próprio baixista, nessa entrevista ao The Guardian.
“Eu era meio Bowie, meio suedehead. E mais importante ainda, eu fazia universidade de arte. O Mick gostava disso. Ele sempre foi fã da cultura pop. Ele sabia tudo sobre Stuart Sutcliffe, que também era artista e o melhor amigo de Lennon no início dos Beatles.””
“Eu lembro que o Mick me apresentou para todos os colegas: Esse é o meu novo baixista, Paul. Ele não sabe tocar mas é pintor.”
A foto à esquerda foi bem no início do The Clash. A banda começou com um visual meio suede head, uma subcultura britânica. Logo em seguida, guinaram para o visual motociclista na foto da direita (aquele visual clássico do punk rock).
O The Clash, como todas as bandas punk, tem um relacionamento interessante com a moda. Ao longo dos anos, foram sempre adequando o visual à fase e ao estilo de cada disco, quase sempre impulsionado pelo baixista. Como estudante de arte, Paul Simonon sempre foi muito atento aos detalhes e a imagem projetada pela banda.
“Era o estudante de arte dentro de mim tentando achar um look que nos diferenciasse dos Sex Pistols. Os Buzzcocks eram bem Mondrian, e nós eramos Pollock.”
Quando o The Clash mudou o visual para o estilo punk icônico, com jaquetas de couro e jeans destruídos, foi porque Simonon começou uma fascinação pela cultura fora-da-lei dos motociclistas da época. Sabe como é: estilo de moda é extensão do estilo de vida.
No período London Calling, nova mudança, foi ele quem puxou o visual
Nessa época, o The Clash começou a fazer algumas aparições com ternos que pareciam ter saído da era de ouro de Hollywood. Ternos bem cortados acompanhados de chapéu fedora e sobretudos.
Paul Simonon misturou a moda de rua do underground britânico com militarismo e alfaiataria. Fez isso sem forçar a barra, de um jeito bem cool e despojado. Bem diferente de quem tenta ter o “look punk”, não?
A banda foi sem sombra de dúvidas uma pioneira da moda no rock, e manteve o bom gosto quando as coisas ficaram bem estranhas nos anos 80!
Confira mais alguns ícones de estilo masculino e segue o blog no Instagram para mais dicas de como trazer as referências do passado para o presente!
Seguem também, alguns livros sobre a trajetória da banda. We are The Clash é uma leitura muito legal sobre o contexto da época.
Ver Comentários
Muito bacana essa matéria. Gosto muito de moda por expressar o estilo de vida das pessoas criando tendencias coisa e tal. Bacana também o estilo "faça você mesmo", mas o Clash ficou estiloso demais quando aderiu as roupas clássicas de alfaiates. Forte abraço!
Valeu!!!