A fotógrafa americana Dorothea Lange nasceu em Hoboken, NJ (26 de maio de 1895 – 11 de outubro de 1965). Na Universidade de Columbia, em Nova York, entrou no universo fotográfico e trabalhou como aprendiz em diversos estúdios da cidade.
No ano de 1918, mudou-se para São Francisco, na Califórnia, começou sua carreira tirando retratos comerciais. Na mesma época, casou-se com o primeiro marido, o pintor Maynard Dixon , com quem teve dois filhos.
Com a Crise de 1929, provocada pela quebra da Bolsa de Nova York, Dorothea Lange levou intuitivamente sua câmera para as ruas, fotografando as greves e as pessoas famintas na filado pão. Este foi o início de uma mudança radical em sua filosofia e fotografia, que marcou a vida da fotógrafa e deixou algumas das imagens mais marcantes deste período.
Neste post, vou compartilhar algumas fotos maravilhosas e um pouco mais sobre a vida da fotógrafa. Se você gosta de fotografia, ou simplesmente do período, vale muito a pena ter na sua mesa de café um livro com imagens da obra de Dorothea:
Sua sensibilidade fotográfica chamou atenção, o que a levou trabalhar para “Farm Security Administration”, uma agência federal dos Estados Unidos. Ela ingressou um programa criado para promover o desenvolvimento de áreas agrícolas americanas, uma medida que tinha como objetivo ilustrar as necessidades e a importância dos programas econômicos do New Deal (programa pensado por Roosevelt para combater a crise).
Em colaboração com seu segundo marido, o economista Paul S. Taylor, Dorothea Lange documentou o êxodo conturbado das famílias de fazendeiros que migraram para o Oeste em busca de trabalho. Durante sua parceria com o governo, no período de 1935 a 1939, retratou o sofrimento mais pobres, dos desempregados e, principalmente, das famílias deslocadas e dos trabalhadores imigrantes. Vítimas do sonho americano e da industrialização em massa, eles vagavam pelo país.
Suas imagens eram distribuídas gratuitamente a jornais de todo o país, e representaram a época. A foto da “Mãe imigrante” é umas das imagens documentais mais conhecidas do século 20. Dizem que graças à força de seu trabalho, o governo construiu alojamentos na Califórnia para abrigar essas famílias.
Ela ainda escrevia observações contundentes que eram adicionadas às margens das imagens. Em 1960, Dorothea Lange fez o seguinte relato para a Popular Photography, fevereiro de 1960s obre uma a imagem da “Mãe Migrante”:
“Como se atraída por um ímã, eu vi e me aproximei da mãe faminta e desesperada. Não me lembro como expliquei minha presença ou minha câmera para ela, mas lembro que ela não me fez perguntas. Fiz cinco exposições, trabalhando cada vez mais perto na mesma direção. Não perguntei seu nome ou sua história. Ela me disse sua idade, que tinha trinta e dois anos. Ela falou que a família vivia de vegetais congelados dos campos próximos e pássaros que as crianças matavam. Ela tinha acabado de vender os pneus de seu carro para comprar comida. Sentada naquela tenda com os filhos amontoados ao seu redor, ela parecia saber que minhas fotos poderiam ajudá-la, então ela me ajudou.” (Popular Photography, fevereiro de 1960).
A sequência de fotografias para a Farm Security Administration fez um trabalho fenomenal de capturar o sentimento durante a Grande Depressão. Obviamente, como qualquer trabalho encomendado por uma agência governamental, havia um objetivo por trás que direcionava o tipo de imagem que os fotografos deveriam registrar, mas não deixa de ser um registro de pessoas que trabalharam duro a vida toda e acabaram perdendo tudo, sem nenhuma culpa, e ainda seguem trabalhando, se movendo e tentando.
Tecnicamente, as imagens são tão “presentes” em parte devido à câmera que ela usou. Esses grandes negativos mostravam todas as falhas … todas as nuances com uma clareza perfeita. São imagens dos anos 30! Não sei qual seria o sentimento da expressão que elas tem no rosto, mas talvez depressão, raiva, desespero. Emoções humanas que nunca saem de moda, infelizmente.
O cenário atual é semelhante em muitas maneiras, pois muitos perderam seu sustento, seus empregos e sua saúde de repente sem ter culpa nenhuma pelo que aconteceu. Foi alguma coisa que alguém que a gente nunca viu fez, assim como a depressão de 1929 que começou em Wall Street e atingiu cada um dos lares nos Estados Unidos e no mundo.
Em todas as gerações, as pessoas sempre tiveram a esperança de um novo começo em um novo lugar, mas o mundo parece que está encolhendo cada vez mais e junto os novos começos. Não existe mais aquele lugar onde o Sol está sempre brilhando como existiu a promessa de uma vida melhor na Califórnia, por exemplo. Com a diminuição do sonho, tudo o que resta é a apatia. Espero que não, pois com as rotas de fuga diminuindo, precisamos de muita coisa para mudar o futuro, menos de apatia.