O lendário Monte Fuji, também chamado Fuji-san, é provavelmente um dos pontos turísticos que você mais associa ao Japão. Quem programa a viagem está ansioso para vê-lo, principalmente com o topo coberto de neve!
A montanha é tão imponente que é possível vê-la de Harajuku, em Tóquio. É verdade! Se o clima ajudar, você pode avistar o Fuji da cobertura do Starbucks no Tokyu Plaza Omotesando Harajuku a cerca de 120 km de distância. Pois acredita que mesmo tão visível assim, não conseguimos vê-lo estando a menos de 20 km? O clima não colaborou nem um pouco no dia em que fomos visitar o Lago Kawaguchiko.
Mas mesmo com esse contratempo foi possível dar a volta por cima e aproveitar o passeio! A seguir, compartilho a rota e dicas do que esperar para você incluir no seu tour pelo Japão.
Entre as opções de pontos de observação para ver o Fuji, a que escolhemos foi o Lago Kawaguchiko, que tinha uma linda vista e me pareceu mais acessível do que Hakone. De Tóquio, a maneira mais fácil de ir para Kawaguchiko é pegar o trem na estação de Shinjuku e fazer a transferência em Otsuki para a famosa linha Fujikyuko.
Como o trem saia da estação de Shinjuku às 8h15h, acordamos cedo para pegar o primeiro metrô em Sugamo. Seguramos a fome e deixamos para tomar o café da manhã na estação antes de partir. Para comer antes do passeio de duas horas, peguei uma das famosas ‘Bento Boxes’. Esses almoços embalados são conhecidos como ekiben, uma mistura das palavras ‘eki’ (estação de trem) e ‘bento’ (almoço japonês), estão disponíveis nas estações de trem e são uma maneira conveniente e acessível de comer em qualquer lugar!
E sim, tomei uma cerveja Kirin pouco depois do café da manhã.
O número de transferências pode parecer complicado, mas é muito fácil pegar trens no Japão. Ao chegar em qualquer estação, basta observar os painéis e aguardar na fila da plataforma. O próprio painel indica quais são o vagões sem assentos reservados para você esperar no local correto.
Como sempre, o trem chegou um pouco antes do horário de partida e deixou a estação na hora em ponto! Escolhemos assentos que ficavam nas janelas da esquerda para tentar observar o Monte Fuji, ou assim pensávamos!
Chegamos ao Lago Kawaguchiko – um dos cinco lagos Fuji – margeado pela cidadezinha homônima. Poucas horas haviam se passado desde mas a temperatura caiu em muitos graus. Estava frio em Tóquio, mas ao sair da estação senti um frio de lascar! Caminhamos um pouco e dei meia volta animado, esperando a vista maravilhosa do Monte Fuji que deveria estar atrás do edifício da estação…
Nada. Só o fundo branco acima. Na hora pensei em dar meia volta e voltar para Tóquio. O plano original era comprar um passe para o ônibus que faz circuitos ao redor dos cinco lagos mas passamos cerca de meia hora paralisados, pensando no que fazer.
Pensamos em alugar uma bicicleta só que o céu escuro ameaçando a chuva nos fez desistir de investir no passeio. Desanimados, fomos atraídos pelo vapor vazando pelo teto de palha do Houtou Foudou. Seria melhor pensar de barriga cheia.
Itadakimasu! (É uma frase que os japoneses dizem antes de comer)
O macarrão Houtou é o prato tradicional da região de Yamanashi. É feito com macarrão grosso cozido em um caldo de missô com vários vegetais. O prato é servido em uma mesa com aquecedores individuais, que são ligados para manter a sopa quente.
Em Yamanashi, o macarrão Houtou é feito com água do Monte Fuji. O macarrão é decorado com pedaços de abóbora frescos, pequenos cogumelos, cenouras, cebolas e muitos outros ingredientes secretos que dão ao prato um sabor único!
Eu realmente amei, e olha que não sou de comer tantos vegetais. Não era uma simples sopa de macarrão!
Após almoçar, acabamos não comprando o tíquete de ônibus nem alugando uma bicicleta.
O dia não estava nem um pouco promissor, e percebendo que não veríamos o Fuji, preferimos caminhar para espairecer sem saber o que nos aguardava. Afinal, como disse Aristóteles: A felicidade é ter algo que fazer, ter algo que amar e algo que esperar!
Primeiro, foi preciso chegar até o lago. Da estação até Kawaguchiko, são cerca de 20 minutos. A cidade é pequena, com muitos restaurantes tradicionais e lojas de lembrancinhas.
O perímetro do lago Kawaguchiko tem de cerca de 19 km. Haviam muitos pontos interessantes ao longo do caminho, incluindo um medidor que registrou o nível mais alto que o lago já subiu, 3,07m acima do nível do mar. Fiquei pensando em quantos ryokans e onsens teriam se afogado!
Demora um tiquinho para percorrer o lago a pé, mas caminhar tem suas vantagens. Entre elas, experimentar as pequenas coisas. Quando você caminha, não está só chegando em algum lugar, mas também vendo e experimentando todos os lugares pelos quais você passa. Se você é do tipo de pessoa curiosa sobre o mundo, sobre como as pessoas vivem, caminhar é perfeito.
Só conseguimos ver um pouco da silhueta gloriosa do Monte Fuji, mas mesmo assim, gostei de como a região parece intocada. É uma sensação indescritível quando o tênis faz contato com a grama, com a liberdade de admirar as árvores, e perceber as ondulações da água.
Viajar significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Alguns gostam de hotéis de luxo outros de viagens econômicas. Mas uma coisa que todos concordamos, é que a viagem – seja a fase de pesquisa, de planejamento ou quando estamos na estrada, tende a se concentrar no destino e não na jornada em si.
Poucas pessoas conseguem viajar sem planos. Antes de qualquer passeio eu já vou ter visto uma foto que chama minha atenção ou ter escutado uma história de viagem de um amigo. Antes que você perceba, já está convencido que quer conhecer….
Mas não importa para onde você vá e o que planeja fazer quando chegar lá, é a jornada sua que vai tornar sua viagem mais agradável, memorável e significante. As coisas dão errado nessa jornada. Os planos fogem do controle, perdemos trens, os vôos atrasam … e assim por diante. Mas é realmente tão ruim assim? Eu quase deixei esse passeio se transformar em um dia perdido por causa do clima ruim!
Sem o Fuji para ver eu não tinha nenhum plano do que fazer em Kawaguchiko. Não tinha nenhum plano, nem me importava. Apenas andamos com a intenção de descobrir alguma coisa. Tivemos que improvisar e esse dia acabou sendo um dos mais legais.
O trem de volta chegou na estação de Shinjuku e resolvemos andar até Shibuya. Essa região é a “cara” de Tóquio. No coração dela está o maior cruzamento do mundo, com centenas de pessoas atravessando a pista o dia todo.
Fomos da natureza para o lugar mais frenético do mundo. Entramos em uma Game Station para ver o pessoal jogando fliperama e acabei forçado a entrar em uma Purika, uma cabine fotográfica japonesas que permite tirar fotos e, em seguida, decorá-las. Depois de terminar a decoração, as fotos são impressas em várias cópias de papel adesivo, para que você possa cortá-las e distribuí-las entre seus amigos. Não preciso dizer que ninguém jamais verá as minhas, né?
Esse foi o nosso quarto dia no Japão. Tinha tudo para dar errado, mas acabou sendo simples e divertido! Temos controle sobre certas coisas e nenhum controle sobre outras, mas é normal! Sempre faça o seu melhor, seja alegre e sorria!